História da Câmara Municipal
Rio Azul - uma história de trabalho e esperança!
Organizado por José Augusto Gueltes
As primeiras penetrações na região se deram ainda no século XVII. Era habitada pelos índios Kaigangs em número maior e, habitado ou percorrido, por índios Guaranis e Xetás.
Há registros precisos da presença de bandeirantes com referência ao ano 1863, quando por aqui estiveram as bandeiras de Afonso Botelho de Sampaio e Souza, sob o comando do Capitão de Milícias Estevão Ribeiro Rayão, que era paranaense natural de São José dos Pinhais, e outros. Estas incursões mata adentro, levaram a descoberta dos Campos de Guarapuava.
Por volta de 1864 a 1870, o ditador paraguaio derrotado na Guerra do Paraguai, Solano Lopez, fez visitas a esta região. Sua excursão não deu resultados porque já era forte a presença de colonizadores paranaenses, entre os quais o Comendador Norberto Mendes Cordeiro, tido como “amansador de índios” e fazendeiro em Guarapuava, o qual percorrera toda a região com o intuito de estabelecer colônias. Segundo consta, durante os muitos anos a região foi habitada por poucos moradores que sobreviviam da exploração de produtos nativos.
Por volta de 1885, a região passou a ser conhecida como “Sertão do Jararaca”, provavelmente devido a grande presença de répteis desta espécie.
Em nosso território as primeiras colônias fundadas foram as de Butiazal e Rio Azul dos Soares por desbravadores de origem portuguesa, que requereram terras junto ao então Presidente da Província do Estado do Paraná. Nesta época o povoamento recebeu o nome de Jaboticabal, conforme registro da Biblioteca do Museu da Rede Ferroviária Federal, em Curitiba-Pr.
Com a chegada da linha férrea São Paulo - Rio Grande o povoamento acentuou-se. Isso se deu no ano 1902. Em dezembro deste ano, foi inaugurada a estação ferroviária, a qual recebeu a denominação de Estação Roxo Roiz, em homenagem ao engenheiro que cuidava das obras, passando o povoado a ser assim conhecido.
A estrada de ferro representou um grande avanço para toda a região. Com a sua chegada, a partir de 1902 aumentou o número de pessoas que precisavam aqui se estabelecer e de outras que vinham para suprir as necessidades comuns da época como mão-de-obra e oferta de outros serviços. Muitas casas foram construídas, inclusive comerciais.
O primeiro imigrante a ser registrado como morador destas terras foi o senhor Jacob Burko, nascido na Ucrânia em 1882 e que por aqui chegou no ano 1900. Ele é tido como pioneiro e um dos principais fundadores da “Villa de Roxo Roiz”. Estabeleceu-se com uma pequena casa comercial nas proximidades de onde hoje é a Rua Dr Campos Mello, fornecendo mantimentos aos obreiros e trabalhadores da estrada de ferro e passou também a vender dormentes aos empreiteiros.
As terras onde o povoamento se formara eram de propriedade do industrial, camarista e Prefeito de Ponta Grossa - e depois Deputado Estadual -, Elizeu de Campos Mello que acabou por doar parte destas terras para a formação da Villa. Portanto, as terras onde hoje se encontra a região central de nossa cidade foram por ele doadas, daí a razão de uma de nossa principais vias levar o seu nome.
Em 1907 é criado em Roxo Roiz o Cartório local, cujo primeiro responsável foi o senhor José Ribeiro dos Santos. Também neste ano, pelo Decreto Lei n.º 461, a “Villa de Roxo Roiz” foi elevado a Distrito com o nome de “Distrito do Rio Cachoeira”, Município de Irati/Pr, passando a pertencer ao Termo de Santo Antonio do Imbituva, Comarca de Ponta Grossa/Pr.
Em 1910, iniciaram-se as instalações de mais residências. Foi criada a Coletoria Estadual e ganhou destaque a presença de uma grande fábrica de palhões que serviam para a proteção de garrafas, garrafões e outros tipos de vidros nos quais eram vendidas bebidas finas. Nas colônias já havia registro de moinhos funcionando para a moagem de trigo e centeio.
Em 1914, o “Distrito do Rio Cachoeira” voltou a chamar-se Roxo Roiz, agora com subordinação ao Termo de São João do Triunfo. Nesta época os países platinos (Uruguai, Argentina e Paraguai), grandes consumidores de erva mate, passavam por uma crise com a falta da matéria prima. Assim, grandes incursões se deram em nosso território e registrou-se um grande volume da venda deste produto, exportado graças a estrada de ferro e também pelos barcos a vapor que navegavam pelo rio Potinga, onde haviam instalados três portos: Soares, Cortiça e Mineiros.
A fertilidade do solo atraiu imigrantes ucranianos e poloneses que chegaram em grande número no ano de 1908. Reunidos nas chamadas colônias, logo partiram para a construção de casas e de igrejas, dando origem às comunidades que hoje registramos. Também se dedicaram à extração de erva mate e passaram a desenvolver a criação de gado e de suínos. Para se dedicar ao comércio e indústria madeireira, imigraram famílias sírias e libanesas, vindas da região de Curitiba e outras de seus países de origem.
Com este surto de progresso repentino, a população local sentiu a necessidade de se organizar, de buscar a autonomia político-administrativa. Destacam-se neste grupo: Coronel Hortêncio Martins de Mello, que estava à frente da Coletoria Estadual, Antonio José dos Passos, Gabriel Cury, Achilles Bueno, Jacob Burko e outros que encontraram um grande apoio na Assembléia do Estado junto à pessoa do Deputado Estadual Dr. Elizeu de Campos Mello.
Com a exportação de erva mate e com a chegada dos imigrantes, a população ia se organizando aos poucos em busca da independência administrativa. Com ajuda do Deputado Estadual Dr. Elizeu de Campos Mello, tendo à frente o senhor Hortêncio Martins de Mello, obtiveram êxito em seu esforço junto ao Presidente do Estado Dr. Afonso Alves de Camargo e pela Lei n.º 1.759, de 26 de março de 1918, foi criado o Município de Roxo Roiz. A instalação do Município se deu em 14 de julho de 1918.
Foram eleitos e tomaram posse em 14 de julho de 1918:
- Prefeito Cel Hortêncio Martins de Mello;
- Camaristas (Veredores)
- Zeferino Salles Bittencourt, que foi escolhido Presidente da Câmara;
- Saturnino Bueno de Camargo, Vice-Presidente;
- Joaquim Luiz dos Santos;
- Honório Alves Pires;
- Antonio José dos Passos; e
- Gabriel Cury.
Obs.: poucos sabem, mas a foto oficial deste histórico momento, que fora publicada no jornal “Álbum do Paraná” em janeiro de 1919, está exposta na Câmara Municipal de Rio Azul
Nestas eleições foram ainda escolhidos suplentes de camaristas os senhores:
Manoel Antonio Fornier, Horácio Vieira, Achilles Bueno, José Januário dos Santos, Jacob Burko e Felicíssimo Ildefonso Neves.
Documento Histórico